«No dia seguinte procurou-o.
Falou-lhe de Mahler, de Duras, de Sylvia Plath, de Anais Nin, de Virginia Woolf.
Da loucura feminina.
Da paixão.
De como quando era pequena convivia com anjos, que lhe apareciam em casa, roçando as paredes, ou perto dos muros, que ela lambia. (...)
Mónica retornava exaltada a "O Monte dos Vendvais", a "Ariel", a "Orlando", sabendo de cor páginas de "La Ravissement de Lol. V. Stein". Em certas madrugadas de desespero, revia as últimas cenas de "A Dama de Xangai", até desentender a própria imagem que no ardil dos espelhos encontrava reflectida, assustada contigo mesma».
Maria Teresa Horta, "Mónica" - III