segunda-feira, 30 de novembro de 2009

...to my most admirable,

«Escravatura no Século XXI»

Em todo o mundo, cerca de 180 milhões de crianças são usadas para trabalhos forçados ou como meninos-soldados, escravos sexuais ou escravos do trabalho. A maioria destas crianças 97% vive nos países em vias de desenvolvimento.
Segundo o relatório de 26 de Outubro da UNICEF, as crianças são arrastadas para o mundo do trabalho e da exploração devido à “pobreza e à falta de uma educação adequada, factores exacerbados pela vida”. A UNICEF estima que a nível mundial cerca de 114 milhões de crianças em idade escolar não estejam matriculadas na escola, o que torna mais vulneráveis à exploração e abusos.
O relatório avança que 352 milhões de crianças entre os 5 e 17 anos estão envolvidas em algum tipo de trabalho em casa ou nas terras da família na agricultura ou no serviço doméstico.
Esta notícia mostra-nos a violação de vários artigos da Declaração Universal do Direitos do Homem tais como: 26º e o 4º principalmente.

«Inspectores da PJ Suspeitos de Torturem Uma Mulher»

Oito inspectores da Polícia Judiciária estão a ser alvo de processos criminais por alegadamente terem torturado Leonor Cipriano. A mulher, suspeita, de ter assassinado a filha, deverá ter sido agredida na noite de 14 para 15 de Outubro noticiou ontem a SIC.
Os actos de tortura de Leonor, que resultaram em vários hematomas no corpo e na face terão sido praticados durante interrogatórios na subdirectoria de Faro da PJ. A directora do estabelecimento prisional de Odemira – que recusou fazer quaisquer declarações – participou o caso às autoridades que abriram um inquérito.
A ser verdade esta notícia viola o Artigo 5 da Declaração Universal dos Direitos do Homem que diz: “Ninguém será submetido a torturas nem penas ou tratos cruéis, inumanos ou degradantes.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Pingo Doce


- Precisa de saco?




-Nao, Obrigado.




- Ah! É raro ver um homem que traga saco consigo. Ainda por cima um saco tão janota como o seu. Que ricos cãezinhos.




E eu, coradamente, sorrio.














quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Love and Social Conventions

Heart/LOVE and Social Conventions in debate

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

To my Dear Friend Pi...

...AmoR permanece dentro dos nossos CoRaÇõEs, uma caixinha secreta selada cheia de joias.

Só o verdadeiro 'Principe' guarda a chave para a abrir.

Obrigado pila.

Paris e Eu, Negreiros


Um dia foi a minha vez de ir a Paris. Foi necessário passaporte. Pediram a minha profissão. Fiquei atrapalhado! Pensei um pouco para responder verdade e disse a verdade: Poeta! Não aceitaram. Também pediram o meu estado. Fiquei atrapalhado! Pensei um pouco para responder verdade e disse a verdade: Menino! Também não aceitaram. E para ter o passaporte tive de dizer o que era necessário para ter o passaporte, isto é, uma profissão que houvesse e um estado que houvesse!


Almada Negreiros, A Invençao do Dia Claro

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Allucination from Nature

Went out to dance...
Tumbling with my feet as the music went by,
made me realize that my feet were feeling the solid dance floor.
I felt the floor with my feet and let them tumble up and down
as the music went by.
A sudden urge crawled from my feet up my legs,
an urge to swing my legs, move them.
Felt the music, felt my body.
I felt the flow rise up till my stomache,
where there was like a wall waiting to be broken down.
Felt the music, felt my body.
I let the flow penetrate its way up my upper body.
I felt like standing straight, I felt like stretching.
But looked foward, looked around.
I felt the music and noticed the smiles.
Everyone was smiling.
Everyone was feeling their bodies.
Better yet,
everybody was expressing themselves with their bodies.
Listen to the music,
stand up straight,
and feel your body!
Who cares who's drunk or not?!?..
I just listened to the music,
stood up,
and felt my body.
I tap-tap with my fingers under my coca-cola cup.
I feel like a pianist,
an 'electro-pianist'.
Oh yea, I can see myself now
an 'electro-pianist'.
I feel myself, and someone asks me:
Are you alright?
Allucinating...
Green Elf

sexta-feira, 13 de novembro de 2009



To a Special Friend..to a special night out in Coimbra. Thank You.

'Um homem com 50 anos de idade, esquece! Uma mulher basta chegar aos 40 para esquecer. São 10 anos mais tarde, estás a ver?!? Eu, aos 15 jogava ao elástico. De hoje em dia, as miúdas com 15 anos mandam quecas'.

desconhecida com uma cerveja na mão

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Maria Filomena Mónica


Entrevista
Maria Filomena Mónica: "Em última análise, faço sempre o que quero"
por Ana Sá Lopes, Publicado em 07 de Julho de 2009





Esta entrevista considero uma das melhores para tracejar o perfil de Maria Filomena Mónica. Uma mulher portuguesa...



Maria Filomena Mónica diz que com a idade está a perder a raiva, porque a raiva cansa muito. Mas continua a fazer e a dizer tudo o que lhe apetece.


A socióloga odiada pelos queirosianos acabou de publicar uma nova versão da biografia de Eça, oito anos depois da primeira edição. Maria Filomena Mónica, a mulher do "Bilhete de Identidade", recebe o i na casa de onde quase nunca sai - tirando às segundas-feiras para ir à farmácia e ao supermercado - um rés-do-chão na Lapa, em Lisboa, com vista para um jardim extraordinário, infelizmente propriedade do vizinho de cima. Diz que agora vê com mais nitidez os defeitos de Eça de Queirós: era instrumental com os amigos. É implacável, embora diga que isso faz parte da sua pose. Culpabiliza-se com facilidade, mas em última análise só faz o que lhe apetece.


O Eça não era um santo, mas no princípio apaixonou-se completamente?


Apaixonei-me primeiro pelos romances, depois pelo jornalista e depois pelo homem. E não é bom fazer-se uma biografia em fase de êxtase completo. Para além da parte artística, fui desde logo muito sensível à lucidez e à inteligência do homem. Passados oito anos, já consegui distanciar-me mais, ver quais eram os defeitos. O principal está no domínio dos afectos. Era muito instrumental, só gostava de quem precisava, em última análise não gostava de ninguém. Em relação às mulheres, o facto de ele ter fugido à Anna Conover, que foi a maior paixão da vida dele, demonstra que não tinha confiança em si. Não era capaz de enfrentar uma relação com uma mulher emancipada. Fugiu a sete pés.


Era um machista?


Não era machista, nem mesmo misógino. A ortodoxia é que diz que o Eça era machista e misógino. Nos romances, ele retratava as mulheres como seres inferiores. Acontece que, sociologicamente, as mulheres eram seres inferiores, não tinham educação. Ele dá um retrato da sociedade. Muito me espantaria que aparecessem nos romances dele Luísas ou Marias Eduardas que fossem capazes de citar o Shakespeare de cor, ou o Camões, ou o Sá de Miranda.


Porque é que ele não era machista?


Quando ficou noivo da Emília de Resende, que era uma aristocrata do Norte, ela pergunta-lhe se pode escrever a um rapaz chamado Sandeman, daquela família inglesa do Porto. E ele responde-lhe que pode escrever a quem lhe apetecer. Até ficou escandalizado com a pergunta! Se fosse o Ramalho, ou a maior parte dos amigos dele, imagino que diriam às noivas "não, não podes" ou "ainda bem que me perguntas, vou-te dar autorização". Na relação com a noiva não era nada machista.


Diz que o Eça usava os amigos de forma instrumental. Usava Ramalho?


O Ramalho tratava-lhe das edições, das provas. "Já reviste? Vê lá o que é que fazes!" O Ramalho e o Antero achavam que "O Crime do Padre Amaro" era imoral. E é imoral, para a época é um livro muito forte. Se pensarmos que a publicação de "Madame Bovary" foi proibida, Portugal era tão liberal para a altura que deixou publicar "O Crime do Padre Amaro"! O Ramalho sempre tratou de problemas práticos. O mais amigo era o Jaime Batalha Reis, com quem o Eça viveu uma temporada. Batalha Reis manteve--se sempre muito amigo, muito fiel. Faz-me pena que o Eça se tenha portado mal no concurso para a carreira diplomática. A ideia de concorrer tinha sido do Batalha Reis, mas o Eça aproveitou a ideia, meteu uma cunha antes do Jaime Batalha Reis e não lhe disse nada. Ele ficou meio amuado e com razão. Mas mantiveram-se amigos.


E aquela outra miséria, quando Eça exige ser pago para não publicar um texto?


É chantagem! Achei a ideia genial. Claro que era moralmente abjecta. Imaginem eu agora ir dizer ao Eng. Sócrates: "Tenho aqui um romance sobre a sua vida mas se me der 30 mil contos abandono a ideia e não publico." Claro que isto não se faz. Ele foi dizer ao Ramalho, mais uma vez instrumental: "Fala aí com Andrade Corvo - que era o ministro dos Negócios Estrangeiros -, tenho esta ideia, Portugal vai ser invadido pela Espanha, mas se ele não quiser, dá-me o dinheiro que eu ganharia com o livro e não publico "A Batalha do Caia". O Ramalho disse--lhe: "Não estás bom da cabeça." É uma ideia moralmente abjecta, mas muito engraçada.Tem tido uma guerra com os queirosianos.



Porquê?



Eles começaram a fazer-me guerra.



Mas guerra como?



Tem a ver com as carreiras, luta-se por um poder muito pequenino. Os queirosianos vivem do Eça, é como se fossem sanguessugas. O Eça é a razão de ser da carreira e da promoção deles. Tenho a sorte de não pertencer a uma faculdade de letras. Fiz Filosofia, saltei para Sociologia, e agora faço história e de vez em quando escrevo biografias. Não preciso do Eça para subir na carreira. Para começar, já estava no topo, a liberdade era total. Comecei a perceber quando fui a uma conferência nos Estados Unidos, no centenário do Eça em 2000. Havia 40 portugueses que não tomavam o pequeno-almoço comigo, que não se sentavam ao meu lado no autocarro, que não me falavam. Achei aquilo estranho. Mas quem é esta gente? Depois, havia um professor da Faculdade de Letras, o António Feijó, que me disse: "Mas ainda não percebeste? Estás-lhes a roubar o território" Aquilo é território murado, é o território deles. E o professor americano depois explicou-me que quando me convidou por causa da biografia do Eça teve imediatamente cartas de alguns queirosianos a dizer que o Instituto Camões não me devia pagar o avião. Isto disse-me o americano, que respondeu que se o Instituto Camões não pagasse, a universidade americana pagaria. Não sabia nada disto quando fui, só quando cheguei aos Estados Unidos é que verifiquei que era uma persona non grata.



Mas quem são esses queirosianos?



Basicamente, é o Carlos Reis. É catedrático de Coimbra e agora é reitor da Universidade Aberta. E é autor do mais ridículo programa de Português que eu li em dias da vida. As criancinhas entre o 1ºano e o 9º ano vão ter de ser sujeitas a um programa de Português que é uma aberração total e completa. Os outros são assistentes dele. Como ele é catedrático, os outros têm medo de falar comigo, porque se na América os vissem a tomar o pequeno-almoço comigo, depois não iam a professor auxiliar.



O Eça é autobiográfico?



Conta na biografia uma cena num baile de máscaras, que se passou com o Eça quando andava com uma mulher casada, que é exactamente igual a uma cena de João da Ega em "Os Maias"...Ele aproveita muito o real, é um observador espantoso, mas não é um escritor confessional. Não é como eu, que uso a palavra "eu" em cada duas frases. Ele, de resto, diz "eu não tenho biografia, sou como a república de Andorra, não tenho passado". Teria ficado furioso se tivesse lido a minha biografia. Não queria que falassem da sua vida, queria que falassem da sua obra. Mas era um poseur. Metade das cartas dele não podem ser entendidas à letra. Quando escreve ao Oliveira Martins a dizer que "Os Maias" é um romance falhado, o que quer é pedir uma recensão crítica. Essa cena das máscaras e muitas das cenas de "Os Maias" são coisas a que assistiu. Já se dava naquela altura com a grande sociedade portuguesa.



O Eça é o João da Ega?



O Ega é o Eça se não tivesse saído de Portugal. Se tivesse cá ficado, tinha-se transformado num geniozinho engraçado, mau, sarcástico, parecido com o Ega e um falhado. Ele teve um pressentimento de que isso iria acontecer. O Ega é o bobo da corte que o Eça teria sido se cá ficasse. O Eça tinha horror a esse Portugal ignorante, beato e pobre. Isso é um sentimento que me é familiar, uma pessoa sentir-se aqui enclausurada.



Ainda sente essa claustrofobia?



Muito menos. Em parte pela idade. Estou cansada de ter raiva, a raiva exige energias. Cansa imenso! Depois, porque deixei de ver televisão. Só vejo DVD e os primeiros 10 minutos do telejornal para ver se aconteceu alguma coisa. Disse na entrevista à Alexandra Lencastre que só saio à segunda-feira. E é verdade! À segunda-feira vou à farmácia e ao supermercado, terça, quarta, quinta, sexta e sábado estou em casa, no domingo estou com os netos.



Não sai para tomar café?



Não tomo café, sou hipertensa. Para o bem ou para o mal vejo pouco os meus amigos, tenho dois ou três, também os vejo só para aí três vezes por ano. Isso faz-me um bocadinho pena, ver pouco os meus amigos. Tenho alguns amigos estrangeiros e aí o email abriu-me o mundo. Retomei agora uma amizade com um amigo israelita......



que foi seu namorado?



Sim, mas namorado só durante uma semana! (risos) É bom quando se resolvem essas coisas da carne logo ao início e depois fica-se amigo! No "Bilhete de Identidade" fala muito do atrofiamento nacional, da educação claustrofóbica...No meu caso, era exagerado pelas particularidades da minha mãe, que tinha sido alta dirigente da Acção Católica com o pelouro da juventude. Depois de ter andado a dizer em artigos de jornal como é que se deviam educar os filhos e sair-lhe esta na rifa, azar o dela! Mas nós até temos coisas muito parecidas. Era muito trabalhadora, muito obsessiva como eu sou. Entre mim e a minha irmã não há nada mais diferente. Nós somos quatro, todos eles deixaram de me falar. Eu para zangas estou por aí... [risos]



Não voltaram a falar-se?



Os três deixaram de me falar e não foram ao lançamento. A Isabel, no Natal quando a minha mãe estava a morrer, disse--me: "Não sou capaz de estar zangada contigo!" E trouxe-me um livro todo corrigido por ela à mão. "Agora fazes uma segunda edição com todas as emendas!" Era outro livro! Só uma ingénua poderia imaginar que eu iria introduzir aquelas emendas! Os outros dois mantiveram-se zangados.



O problema era a questão da sua mãe?



A questão da minha mãe, a questão de eu expor o ter cometido adultério, embora o meu marido cometesse adultério todos os dias e mais algum. Eu nem sou promíscua, até sou muito monogâmica! Tive três maridos, mas quando sou casada sou muito fiel. Mas acho que foi o facto de a minha mãe ter puxado ao máximo para nos casarmos nas famílias de topo e eu ter dito isso. O facto de o meu bisavô ter sido lavrador não é nenhum pecado, até funciona a nosso favor, quer dizer que subimos na vida. Mas para eles é mau. As únicas pessoas que eu teria tido um enorme desgosto se tivessem ficado zangadas ou tristes eram os meus filhos, especialmente o meu filho. E não ficaram.



Nunca mais voltou a falar com Vasco Pulido Valente?


Não. Como ele também não sai de casa...



Mas ele ficou mesmo magoado?


Acho que ele não tem razão! Um dia vamos ter de falar sobre isso, espero que sim. Não quero falar mais sobre o Vasco, já dei lenha de mais para essa fogueira. Eu almoçava com o Vasco todas as quartas-feiras. E almocei com ele na véspera do lançamento. Ele sabia há cinco anos que eu estava a escrever as memórias. Não pediu para ler, nem eu as deixaria ler. Mas não é uma pessoa que de repente soube que ia haver um livro. Se houve alguém de cuja reacção eu tive medo foi do meu primeiro marido, e dos meus filhos, como já disse.



Ele reagiu bem?



Reagiu lindamente. A minha percepção é estranhíssima. Achei, curiosamente, que dava uma imagem do Vasco como eu o vejo? Eu adoro o Vasco! Falo dele com uma enorme ternura, foi uma pessoa importantíssima na minha vida, por quem eu tenho a maior das admirações! Até achava que o meu actual marido é que ia ter ciúmes do Vasco!



O António Barreto não queria que falasse dele no livro?



Não o conhecia! O livro termina em 1976, não conhecia o António. Uma das razões por que não escrevo o segundo volume nem é tanto por causa do António Barreto. Em última análise, faço sempre o que quero. Nem a minha mãe me proibiu, nem há marido que me proíba. Se quiser mesmo uma coisa, e achar que a devo fazer, faço. Mas não faço porque de todas as autobiografias que li as interessantes são as do período formativo. A ideia que temos de si é que é uma mulher absolutamente segura...[Silêncio]. Fiz uma pose, como o Eça. Fiz uma pose arrogante, segura, forte e implacável, mas não sou nada disso. Carências afectivas, é à menor oportunidade. "Ninguém gosta de mim, no fundo", "eu devia estar a fazer outra coisa que não estou a fazer." Isto é a culpabilidade. Se a minha filha me pede, como aconteceu no sábado passado, para ficar com os miúdos e eu não posso, acho que sou a pior avó do mundo e a pior mãe do mundo. É muito fácil explorar-me! Sei que sou assim, que sob esta aparência sou um vaso chinês com uma falha sísmica. Nunca fui a um psiquiatra porque sou capaz de falar disto, porque isso me ajuda, falar com os amigos.



Costuma ridicularizar a psiquiatria?



Acho que não vale a pena. O que a psiquiatria fez às pessoas que conheço foi tirar-lhes o sentimento de culpa. Acho que as pessoas devem ter sentimentos de culpa quando se portam mal!



Alguém que não toma conta de uma mãe doente?



Tive a minha mãe doente durante 11 anos e, mesmo com a má relação que tinha com ela, achei que era meu dever tratar dela até ao fim! Nos últimos oito anos, deixou de me reconhecer. Eu era a mais velha, a minha irmã Isabel tinha o marido doente com um cancro, os outros dois eram miúdos - miúdos para mim, nessa altura tinham 40 anos. Achava que tudo dependia de mim. Mas cada vez que ia para Oxford trabalhar ia com uma culpabilidade que nem lhe conto nem lhe digo e arranjei problemas físicos relativamente graves. Isto para dizer que não sou tão forte quanto pareço.



Ainda é de esquerda?



Sou. Se tivesse tido outra educação, provavelmente era de direita. Como fui criada na direita, continuo a pensar que a direita portuguesa é totalmente subserviente em relação ao poder político, completamente inculta, não cosmopolita, e socialmente a maior parte das pessoas da direita nunca foram para além de Elvas. O fundamental para mim é a liberdade e a direita portuguesa não preza a liberdade.



Pode perguntar-se: e a esquerda preza?



Provavelmente, a esquerda é inculta, nunca foi para além de Elvas, tem os mesmos traços mais ou menos...



Não há nenhuma questão ideológica?



É uma questão de eu ter sido muito marcada pelo salazarismo e pela Igreja Católica. O facto de ser ateia liga-me mais à esquerda. Sou a favor do aborto e da eutanásia. Já fiz testamento vital há cerca de seis anos e quero que seja respeitado. Já o dei aos meus filhos e ao António. Não quero que me prolonguem a vida. Isso também me afasta da direita. Nunca fui de esquerda por acreditar no maoísmo ou na ditadura do proletariado. Achava que os valores do liberalismo clássico eram de esquerda e o Salazar era um homem da direita. Vivi até aos 31 anos sob uma ditadura, para mim a liberdade é um valor de esquerda.



E vota no PS?



Sempre votei PS, até em 1975. Chorei que nem uma Madalena porque achava que o Soares era um burguês nojento. Apesar de tudo, tinha medo do PCP.



E agora vai votar em José Sócrates?



Não voto mais.



Quando deixou de votar?



Desde as últimas. Disse que nunca mais votava enquanto os dois principais partidos não fizeram a reforma eleitoral que prometeram. Sou contra a eleição por listas, não sei em quem estou a votar. Parte da mediocridade do que se passa no Parlamento deriva da impossibilidade de nós votarmos numa pessoa. Provavelmente, irei votar nas locais, para afastar o Santana Lopes.



Vai votar em António Costa?



Sim. Prefiro o António Costa ao Santana Lopes, embora o Santana Lopes me divirta muito mais. Mas ele só me diverte quando está fora do poder, no poder é um irresponsável.



E o que pensa de José Sócrates?



É um rapaz da província que subiu na vida à custa da esperteza e de muito pouco trabalho. Assinou projectos arquitectónicos que não eram dele...
Ele negou, assumiu a autoria...Fiquei com a impressão de que tinha assinado projectos que não eram dele. Mentiu, recentemente, no negócio da PT. Tem um percurso de opacidade.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

É assim, Dr.ª Helena...no entanto, Obrigado!
"Standing here all alone staring across the street
Hearing the siren of the cars sounding beep,
Looking out the window seeing your shadow
The thoughts of you taunts like a hopeless widow.
The night's sky watching me surrounded by sadness
Asking the heaven to take out this madness
Why did you go, why did you go?
Was I enough man to be around you?
And now...I'm all alone, standing on our balcony
Waiting for the stars on this gloomy night,
Will it shine like yesterday as it used to be?
Where your smiles shining upon me?
But, now that you left me, I'm all alone
A man of wisdom but nothing's known
When you left me, there's none remain
Only memories that drives me insane.
Oh baby, come back- I can't stand being alone
The stars won't come when you're not here by my side
It keeps on hiding till they glance the beauty of your smiles...
Baby, come back... being alone without you is, oh so blue".
J. B. Blend

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

'Discriminação devido à orientação sexual é a mais comum em Portugal', SIC Notícias

"Os portugueses apontam a orientação sexual como o principal factor de discriminação no país, à frente da origem étnica e da deficiência, revela um inquérito hoje divulgado em Bruxelas pela Comissão Europeia".
SIC Notícias, 09-11-2009
Apelo à sensabilização nacional quanto às questões do género e da sexualidade.
Acredito que Portugal consiga acompanhar a europeização lado a lado com os restantes países da União Europeia. O desenvolvimento do nosso país depende não só da economia mas, igualmente de questões políticas que giram em torno da nossa sociedade. Os portugueses devem, antes de mais, sentir que o nosso governo está bem assente e que se apresenta com uma postura sólida perante os seus cidadãos. Se temos um governo a deferir medidas e decisões que reprovam a liberalização dos direitos de igualdade do género e sexualidade, como é possível 're-educar' as mentes do povo?
Todavia, como se confirma com a notícia de última hora, vivemos os vestígios do 'Conservadorismo Português'. As pessoas ainda não aceitam o facto que somos diferentes com diferentes escolhas/opções e, da mesma forma, somos pessoas todas iguais umas às outras. Vivemos numa sociedade mascarada, onde se sente que as pessoas não vivem na transparência. A igreja ainda desempenha um papel importante na sociedade portuguesa, condicionando certos ideiais quanto a questões deste tipo. Consequentemente, a educação sexual é vista como uma modernice secundária. Por vezes, também, é vista como a principal culpa por estarem a surgir debates que exploram e mostram a necessidade da sociedade portuguesa em eliminar determinados 'estereotipos'. 'Estereotipos' esses que dificultam a integridade pessoal e social de muitos indíviduos. Neste sentido, reflecte-se o baixo nível de cultura do país, a falta de informação junto com uma grande falta de conhecimento e interesse perante o que se está a passar com a realidade europeia. Não podemos viver com esta atmosfera sombria. Não podemos viver o mundo onde a realidade é ofuscada com denominações construídas e que vão ao desencontro da própria natureza humana.

'INSÓNIA', Dos Santos

"Deita-se na cama, procura uma posiçao para tentar sossegar, mas não consegue. O pensamento dá-lhe voltas e mais voltas - e o corpo vai atrás, dando também voltas e mais voltas. Outras vezes, é o contrário: o corpo não pára e o pensamento segue-o. Ela acha que nao adormece para não ter de acordar. Os últimos tempos foram-lhe atirados como se atira uma lança a um alvo e se acerta em cheio. Os movimentos da sua vida começaram a trocar-se; quando queria andar, parava. Dizem que há sinais a preceder as catástrofes, mas o desatre aconteceu-lhe sem aviso. Subitamente, quase tudo se desmoronou. A derrocada do seu mundo deixou-a "sem tecto, entre ruínas". Agora quer dormir e não consegue. Em redor dela, há um silêncio que soa como um barulho insuportável. Dentro da sua cabeça, existe um vazio que parece maispesado do que o chumbo.
Como acontece com o clima dos dias instáveis, na sua vida o sol tornou-se sombra e frio e chuva e trovoada e relâmpago e raio. Tudo o que lhe pertencia se fez alheio. Todos os gostos se lhe mudaram em desgostos. Quando deu por isso, estava apenas acompanhada de cuidados, pressões, imapsses. Tornou-se insegura, inquieta, insatisfeita. Ficou ausente de si mesma e carregada dessa ausência. Quando quer saber o que lhe aconteceu, é como se lesse um texto numa língua que não compreende inteiramente e do qual só consegue decifrar algumas palavras. Cada dia que passa acresenta-lhe o dia anterior de um problema, de um desgaste, de uma tortura. Olha-se no espelho e vê um rosto envelhecido pela surpresa lenta e dura da incompreensão. Vêm-lhe à boca palavras como azar, desventura, desânimo, derrota.
A noite cresce contra ela. Esteve horas sentada na cama, em frente da televisão, a pensar que não queria pensar. Olhou o ecrã, ouviu o som como se o aparelho estivesse estragado. Parecia-lhe que as vozes se aproximavam, depois que se afastavam. As imagens corriam, depois paravam. Ávida, comeu uma caixa de chocolates. O pijama ficou cheio de nódoas, o lençol babado de uma baba pegajosa e escura. Com a mão presa ao comando, mudou de canal sem parar, num zapping de si mesma, delirante e inútil. Não conseguia fixar a atenção. Ouvia palavras da política misturadas com gritos de crimes. Escutava números da economia sobrepostos a imagens de desportos. Tudo lhe foi a mesma coisa, o mesmo espectáculo indiferente. O estado de agitação e fadiga em que se encontra, com aquela espécie de jet lag perpétuo, abre-lhe as portas da percepção. Vê em si, com toda a evidência, aquilo que tinha apenas adivinhado: uma doença que nem esse nome quer usar.
Apaga a televisão e tenta adormecer. Não consegue. Tenta outra vez. Dá voltas e mais voltas. Olha o relógio. São cinco horas da madrugada. Liga a televisão outra vez. Continua a mudar de canal, à procura de uma imagem, de um som que a repouse. Dói-lhe o corpo, já não tem posição, agarra-se à almofada, estica as pernas. Tomou dois comprimidos para dormir. Está num canal que fala uma língua que lhe é desconhecida. Fica presa a uma imagem a preto e branco. Nela, uma mulher com um rosto roto pelas rugas corre à frente de quem a presegue. Uma música aguda segue-a também. A mulher cai e é apanhada. O plano muda e aparece um homem a falar com um gesto repetitivo. Ela não percebe o que ouve, mas perecbe o vê. Continua a olhar. De repente, fica com sono. Subjuga-se a ele. Está quase a adormecer, faz um esforço para aproveitar uma oportunidade que não se repetirá. Passam minutos e o sono passa também. Começa outra vez a dar voltas. Agarra um livro que tem à mão e tenta ler. Não consegue concentrar-se. As frasesnão chegam ao fim. É como se o livro fosse escrito na estranha língua so filme a preto e branco. Fecha o livro, atira-o para o chão, com raiva. Apaga a luz, tenta dormir de novo, dá voltas e meias voltas. Não consegue. Levanta-se. Vai para o sofá, liga a televisãosa sala. Passado um bocado, adormece. Sonha com a sua insónia. Dorme duas horas e acorda. Está torcida, amarrotada, desfeita. Tem o pescoço a doer-lhe. Olha a janelae vê que o dia começa a clarear. Fica perdida, suspensa. A televisão continua ligadae as suas vozes enervam-na. Tira-lhe o som. O tempo arrefeceu, mas ela não tem frio. Fica imóvel, a olhar o vidro embaciado da janela. Passa a mão pelo cabelo, pelo rosto, pelo corpo, a desejar a carícia que ninguém lhe faz. Permanece assim, nauseada, esgotada, anulada. De repente, o alarme do telemóvel toca. Assusta-se. Salta. Tem de se arranjar. Fica ainda um bocado sentada. Está quase a adormecer. Deixa-se dormir uns minutos. Acorda, estrumunhada, com medo de já estar atrasada. Corre para a casa de banho. Toma duche num instante. Sai do banho, mas é como se a água a tivesse sujado".
José Manuel Dos Santos, in 'Actual', 07 de Novembro 2009, Expresso (Crónica Impressão Digital)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

'Dúvida...

...da luz dos astros,
De que o sol tenha calor,
Dúvida até da Verdade
Mas confia em meu Amor'

William Shakespeare
30, Junho 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

'Parlez-moi de la pluie' , Jaoui 07


Com: Agnès Jaoui, Jean-Pierre Bacri, Jamel Debbouze, Pascale Arbillot, Guillaume de Tonquedec, Frédéric Pierrot, Florence Loiret-Caille, Anne Werner, Jean-Claude Baudraccio e Mimouna Hadji



Resumo

A escritora Agathe Villanova (Agnès Jaoui) é candidata às eleições pela região onde cresceu, de onde saiu e onde agora regressa por via da lei da paridade. Assim, volta à casa de família um ano após a morte da mãe e reencontra a irmã, o cunhado e a velha empregada argelina. O filho desta, que fez em tempos um curso de vídeo, é recepcionista num hotel e resolve com o antigo professor iniciar uma série de documentários sobre 'mulheres que venceram', pegando na vida de Agathe.
Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra
10º Festival do Cinema Françês

5/11
Obrigado, Filipa.
Salut! 'Je parle rien' :-)

II

One morning I decided to drive down the countryside and visit my mum and dad. Once there, the stars had already start to sparkle in the dark sky. I felt a slight cool breeze crawl up my back because I wasn't dressed properly for the counrtyside's chill. Despite the weather, it was an amusing evening. I hadn't been to my parents' house for quite some time.
After tea, I went to the upstairs floor to have my 'room of its own'. I drew the curtains wide open and started to gaze into the dark horizon. The skies seemed sad. The stars would come and go, therefore the clouds were running around. They ran and ran, such a sensual Tango dance, and suddenly a bright light twisted through the dance. How beautiful mother nature is, how just simply purely she lets herself be? I wondered... Suddenly it occured to me. Yes!, it occured to me that that light was the Star. That star followed me like a melody. It still does. Even though I'm not at my parents' house any more. But then again, I will always be, as long as there are stars in the sky, dancing the Tango with the clouds every cold and dark night.

'Strange Meeting', Wilfred Owen

To my only companion,
It seemed that out of the battle I escaped
Down some profound dull tunnel, long since scooped
Through granites which Titanic wars had groined.
Yet also there encumbered sleepers groaned,
Too fast in thought or death to be bestirred.
Then, as I probed them, one sprang up, and stared
With piteous recognition in fixed eyes,
Lifting distressful hands as if to bless.
And by his smile, I knew that sullen hall;
With a thousand fears that vision's face was grained;
Yet no blood reached there from the upper ground,
And no guns thumped, or down the flues made moan.
"Strange, friend," I said, "Here is no cause to mourn."
"None," said the other, "Save the undone years,
The hopelessness. Whatever hope is yours,
Was my life also; I went hunting wild
After the wildest beauty in the world,
Which lies not calm in eyes, or braided hair,
But mocks the steady running of the hour,
And if it grieves, grieves richlier than here.
For by my glee might many men have laughed,
And of my weeping something has been left,
Which must die now. I mean the truth untold,
The pity of war, the pity war distilled.
Now men will go content with what we spoiled.
Or, discontent, boil bloody, and be spilled.
They will be swift with swiftness of the tigress,
None will break ranks, though nations trek from progress.
Courage was mine, and I had mystery;
Wisdom was mine, and I had mastery;
To miss the march of this retreating world
Into vain citadels that are not walled.
Then, when much blood had clogged their chariot-wheels
I would go up and wash them from sweet wells,
Even with truths that lie too deep for taint.
I would have poured my spirit without stint
But not through wounds; not on the cess of war.
Foreheads of men have bled where no wounds were.
I am the enemy you killed, my friend.
I knew you in this dark; for so you frowned
Yesterday through me as you jabbed and killed.
I parried; but my hands were loath and cold.
Let us sleep now . . ."
(This poem was found among the author's papers. It ends on this strange note.)
*Another Version*
Earth's wheels run oiled with blood.
Forget we that.
Let us lie down and dig ourselves in thought
.Beauty is yours and you have mastery,
Wisdom is mine, and I have mystery.
We two will stay behind and keep our troth.
Let us forego men's minds that are brute's natures,
Let us not sup the blood which some say nurtures,
Be we not swift with swiftness of the tigress.
Let us break ranks from those who trek from progress.
Miss we the march of this retreating world
Into old citadels that are not walled.
Let us lie out and hold the open truth.
Then when their blood hath clogged the chariot wheels
We will go up and wash them from deep wells.
What though we sink from men as pitchers falling
Many shall raise us up to be their filling
Even from wells we sunk too deep for war
And filled by brows that bled where no wounds were.
*Alternative line --*
Even as One who bled where no wounds were.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Fórum Sexo, Género e Saúde - 19, 20, 21 de Novembro 09

"O Fórum Sexo, Género e Saúde XXI é organizado pela Sentidos e Sensações, Associação de Promoção e Educação para a Saúde, com o alto patrocínio da Direcção Geral de Saúde. Pretende-se com este Fórum trazer até Portugal alguns dos investigadores internacionais que têm vindo a desenvolver projectos relevantes e originais nas áreas cobertas pelo Fórum, bem como apresentar algum do trabalho de destaque desenvolvido por investigadores e profissionais portugueses nas mesmas áreas. Trata-se de um encontro destinado a profissionais de saúde e outros interessados na área."

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

domingo, 1 de novembro de 2009

"You don't plan...

... your own child's funeral.
You plan for the best of times. You can plan their weddings, you can plan for grandchildren. But somethings you never plan"(...)

'Queer as Folk', Series 1 - Episode IV